O aqui e agora...

Quantas vezes percebes que alguma coisa aconteceu à tua volta e tu nem te apercebeste? Quantas vezes, andas pelas ruas de olhos abertos mas sem ver o que está a acontecer ao teu lado? A senhora que deixou cair o papel, o senhor que ía caindo, a criança que vai aos saltos do outro lado, o rapaz com a bola no pé? Quantas vezes comes sem saborear o verdadeiro paladar da comida que estás a ingerir? Quantas vezes estás presente numa conversa, mas a pensar no que vais fazer para o jantar?

Andamos todos tão embrenhados nos nossos pensamentos, nas nossas vidas cheias de nada que não prestamos atenção ao aqui e agora... e o problema é que este novo movimento a que chamamos multiprocessamento (mas a que eu chamo total confusão) não nos permite muitas vezes reparar naquilo que são os sinas da vida... aquilo que nos ajuda a guiar no melhor caminho.

Diariamente ficamos totalmente perdidos nas nossas rotinas e não paramos nunca para avaliar o certo e o errado, o que queremos mesmo fazer e aquilo que somos levados a fazer apenas porque sim, porque faz parte de uma rotina sem pensamento.

Será que esta vida faz sentido assim?

Não, para mim não faz!

E o que podemos fazer para alterar esta forma de viver? É simples de dizer mas, às vezes, difícil de pôr em prática. É evitarmos querer fazer tudo ao mesmo tempo. É prestarmos realmente atenção ao que estamos a fazer em cada instante.

Podemos começar com exercícios muito simples. Por exemplo, quando estamos a comer, estarmos verdadeiramente a saborear a comida e pôr à prova os nossos sentidos: observar bem o que estamos a comer, cheirar a nossa comida, sentir a textura da mesma e por fim o sentir o paladar. Ou ter uma conversa com alguém no modo de atenção plena, com os olhos postos no outro, com atenção a todos os sinais físicos, com os ouvidos bem atentos não só às palavras, mas também ao nível sonoro e à forma não verbal que a pessoa utiliza.

Penso que se conseguirmos começar a colocar a nossa atenção cada vez mais no aqui e no agora, vamos todos conseguir ser mais presentes, com vidas mais cheias, com decisões mais conscientes e a sentirmo-nos muito mais cheios, porque tudo passa a acontecer do lado consciente.

Comigo hoje ainda não se passa assim. Cada dia tento ser melhor e estar mais concentrada no que faço... o foco é essencial para fazermos bem e para nos tornarmos muito mais produtivas e também para aproveitarmos melhor cada segundo da nossa vida.